Meridiano de Greenwich

Hoje fomos visitar o observatório de Greenwich e o navio Cutty Sark, ambas as atracções são pagas e julgo que o pacote nos custou 18£. Ambas as coisas levam pouco mais de 1h a ver de passagem, se lerem tudo e analisarem ao pormenor podem levar o dia inteiro. O navio a mim desiludiu, achei que iriam simular a vida a bordo, mas está fraquinho. Tem óptimos espaços para os miúdos, demonstram como viviam os que mandavam a bordo, mas tudo pouco elaborado. O observatório que também inclui outra casa que não me recordo o nome, do Capitão será?, talvez por não ligar a relógios, geringonças e cronómetros vi num instante e não voltaria a pagar para ver. Recomendo a esplanada do observatório ou o café The pavilion em frente, caros mas agradáveis.

In the city

Bom fim-de-semana

Só sabe quem passa por elas...

A inveja que muita gente tem de não passar mais horas com os filhos. Tudo muito bonito quando o filho até se entretém sozinho e vocês têm uma Maria que vos limpa a casa 2x por semana e uns avós que de vez em quando ficam com a cria ou até vos convidam para jantar lá por casa. Agora quando são só vocês 24/7 que têm de fazer tudo é pois claro que a criança vai ter de gramar com a Peppa, o Ruca, o carteiro Paulo, o Babar e demais desenhos para que vocês consigam despachar tarefas. Há quem consiga viver sem tecnologias e os putos são uns prodígios no desenho e nas construções de legos mas eu por cá não tenho tempo para nada.
Ando há dias a querer aspirar mas parece que só o devo conseguir após as férias, assim como assim, a casa vai ficar a ganhar pó.
Ele é roupa para passar que me vai levar uma tarde, roupa a lavar todos os santos dias, comida para fazer, compras, malas para preparar, passeios com a miúda, namorar com o pai, cursos online, caminhadas. Os meus dias são sempre a abrir. Paro a esta hora, entre as 20-21h e estou tão estafada que só aguento os olhos abertos até às 23h. Acordo após as 7h e não há descanso. Só para terem ideia hoje mudei 5 fraldas de Cocó, que cada uma tenha levado 10 minutos, foram 50 minutos só nisto.
É bonito ser mãe a tempo inteiro com muita ajuda pelo meio familiar, assim nos meus modos é coisa para vos deixar malucos!

Tempo em família

O meu mais que tudo trabalha demais. O horário dele é das 9-17h mas ele faz das 8:30 às 17:30 assim na maioria dos dias ou bem pior tipo 8-21h. Por isso muitas vezes zango-me com ele, porque a vida ensinou-me que os patrões não valorizam os esforços dos funcionários. Ele não me liga e lá prossegue e diz que adora o que faz. O meu amor chega a casa e passa mais umas 2h em média em frente ao PC a fazer trabalhos... Nas 2h diárias que está com a filha mete muitos trabalhos pelo meio e muita pouca brincadeira. A maioria das pessoas acha que tem o nível que dedica ao trabalho bem equacionado face ao tempo familiar. É mentira. Facebook, blogs, Twitter, LinkedIn, YouTube e emails, isto extra trabalho.Se dedicarmos 1 minuto a cada um, vão 6, isso várias vezes quando estamos junto à nossa família vão ene minutos. É difícil não ouvir o pipipi do tlm e ir ver, é complicado desligarmos do exterior. É impossível estar tão presente como gostaríamos porque distraimo-nos a toda a hora. Já aconteceu e vai continuar a suceder se não pararmos para pensar a Lai estar junto a um de nós a pedir atenção e nós pedir-lhe que espere. Fico sempre danada com ele quando isso acontece e respiro muito e conto até 100 mas mas eu também o faço às vezes. Temos poucos anos deste amor incondicional maravilhoso antes dela ser corrompida pelo mundo, temos de desejar cada segundo. Tento mesmo muito estar sempre com ela, quando preciso fazer tarefas é danado ela ter de "ficar sozinha". Agora ando a fazer vários cursos online em simultâneo e o tempo é pouco para cumprir os prazos. Não me servem de nada, apenas aprendo um pouco mais. Acho que preciso repensar assim como ele as minhas prioridades, aquilo que no futuro quero olhar para trás e relembrar.
Quem acompanha o blog já deve ter reparado que volta e meia reflito na vida e tento mudar, temos muito que pensar sempre e eu tento sempre fazer o melhor de mim em tudo. Sinceramente quase sempre dura pouco, mas alguma coisa vai ficando.

Mercado de produtores

Ao fazer tantos cursos online sobre nutrição saudável alguma coisa vai ficando e vou querendo melhorar o meu nível de alimentação para algo mais saudável e sustentável. Hoje nesse âmbito fomos pela primeira vez a um mercado de produtores. Havia legumes, frutas, carne, peixe, ovos, queijos, leite, compotas e pão. Era tudo inglês e eram os próprios produtores locais que lá estavam a vender. Compramos espargos, morangos e salsa (como vou de férias não valia a pena trazer mais nada). Não percebo nada de cada época dos vegetais mas comparado com o Asda gastamos umas 5£ a mais, fora as viagens até lá que fica em Blackheath. Provamos os morangos ao lanche com flocos de aveia e eram deliciosos. Fiquei de coração preenchido de saber que consigo ter uma pegada ambiental menor e contribuir para a economia local.

100%

São os dois tão casmurros que hoje tive o meu primeiro discurso tipo mãe de dois adolescentes.

Passeios a 3

Passear em Londres sai caro se incluir refeição. Também não se come lá muito saudável. Mas todo o ambiente cosmopolita inspira a gastar. Num dia de sol como hoje quer-se comer numa esplanada onde sabemos que pagamos os olhos da cara bem no centro de Londres. De seguida, enfardamos uma fatia mega calórica de bolo com um café que custa mais que 6 pacotes de leite. A vida em Londres tem sido fantástica. Em Portugal estas loucuras estavam guardadas para comemorar aniversários,  aqui isto não nos mexe com o orçamento nem temos de cortar em algo para o poder fazer. Emigrar pode ser algo bom em muitos aspectos.

Pequenos prazeres

Ao viver em Lisboa durante 7 anos ausentei-me dos amigos e da família. Éramos os dois a maioria do tempo. Ao trabalhar a 10 minutos a pé de casa e ele a 16 km, era eu a maior parte do dia e o silêncio. Como trabalhei sempre no máximo umas 20h por semana, há excepção de quanto fazia manhãs no público, tardes nas AEC's e explicações num centro sempre passei muito tempo em casa. Raras vezes fui passear na baixa, o mais habitual era ir ao Vasco, shopping. Vivi na Bobadela, na mesma casa por 7 anos. Adorava a zona, extremamente segura, num T3 espaçoso com vista para o Tejo. Como era lá professora toda a gente me conhecia, mas mal entrava em casa aquela sensação de UFA cheguei. Podia ficar deitada no sofá só a relaxar, ler um livro, ver TV, cozinhar durante horas, fazer ginástica, banhos maravilhosos de imersão... Tinha muito tempo só com a casa para mim e no mais profundo silêncio. Em 2012 fiquei pela 1x, 3 meses sozinha em Lisboa, ele esteve ausente em trabalho. Achei que ia odiar mas pelo contrário, tive ainda mais tempo livre, mais silêncio, amei cada segundo. Quando grávida de 6 meses ele se ausentou por mais 3 meses foi para mim ponto assente que só aceitava companhia quando faltasse 1 mês para parir. Não estive a trabalhar desde os 3 meses de gravidez. Não me custou nada passar dias e dias sem falar com ninguém a não ser no Skype. Passei imenso tempo sem pôr os pés na rua. Descansei imenso e não me senti nada sozinha. Depois a  minha vida deu a volta com a Lai. Não há minutos de solidão com uma bebê, nem de silencio. Ao fim deste tempo é ainda muito difícil, muitas vezes impossível, ter tempo para mim apenas. A forma que encontro é quando ele e ela dormem eu deixo-me ficar mais 1h no silêncio. Leio os meus blogs, escrevo posts, vejo TV. Ela dorme às 20-21h por isso ainda consigo encaixar a ginástica aí e algumas vezes os cursos online, mas na realidade o que mais me apetece sempre fazer logo ali às 20h é enfiar-me na cama a babar para a TV. De modo que este silêncio de ressonares é quando a minha alma se restaura do dia. Que vejo tudo que alcancei e onde podia ter sido melhor. Hoje posso-vos dizer que reparei que apanhei um escaldão na cara e tenho as mãos muito secas. Coisas assim banais que no corre-corre podem nos passar ao lado. Cada dia tento ser melhor mãe, namorada, filha e amiga do ambiente. Hoje foi um dia bom 90% do tempo, mas são aqueles 10% que me aborrecem e me fazem questionar.
Tenho sono, amanhã é domingo, daqui a 15 dias vou 3 semanas para Portugal. Espero não enlouquecer com a falta de silêncio. Quando nos habituamos a nossa concha, é difícil enfrentar o resto do mundo.
Isto já está a filosofar demais, tenho sono é só isso, uns dias dá-me para chorar noutros escrever textos sem nexo. Bolas!

Filhos e Portugal

As últimas notícias que vejo de Portugal são sobre crianças/jovens que desapareceram. Nunca vejo notícias de que reapareceram. Se eu estivesse em Portugal, mãe que sou, estaria de momento muito preocupada. Não sei se é devido à crise familiar ou económica, se é porque graças aos meios de comunicação tudo se sabe instantaneamente, se é porque anda tudo maluco. Mas as notícias deixam-me alarmada e eu nem vivo mais em Portugal.
Esta semana os casos de bullying foram os mais falados. Acho atroz alguém agredir outro e pior ainda que pela internet o bullying verbal esteja instaurado. Basicamente atira-se pedras ao criticar quem atirou também pedras, um péssimo conceito.
Andamos todos insatisfeitos, cansados, stressados. As relações caem por terra, os filhos batem nos pais, os pais insultam os filhos, os professores ganham depressões, o ministro vai de férias e os bebés comem chupas-chupas.
E eu, pela parte que me toca faço erros todos os dias e às vezes lá paro para remediá-los. Na maioria das vezes sou política, safo-me com um pedido de desculpa e promessas...

Chulé

Deve haver qualquer coisa que impede os indianos de deixarem os sapatos quietinhos nos pés quando se sentam. O metro, de repente, ficou aromatizado.

Lágrimas

Quando virei adulta, me transformei em alguém que rapidamente chora. Até aos 20's tinha uma força de pedra, na faculdade muito pouco alguém me viu chorar. Com os desgostos da vida as coisas mudaram e com as hormonas da gravidez pifaram de vez. Mal engravidei o exponente de lágrimas cresceu proporcional às vezes que vomitava ao dia. Como foram 9 meses do demo passei muito tempo a chorar. Mal dei à luz a minha saúde ficou tão débil que fiquei de rastos. Imaginei o fim da relação, chorei porque ninguém me entendia e porque me sentia sozinha com uma bebê que só chorava. Foi imensamente difícil lidar com as mudanças que a minha vida sofreu. Passei a chorar semanalmente pelo menos 1x mas se penso muito sou moça para chorar todos os dias. Com a gravidez os meus problemas de saúde aumentaram consideravelmente não sei se consequência ou coincidência. Decidi ficar por casa com a minha filha e cada vez me convenço que não foi a melhor opção para mim. Tenho uns pais conservadores que não acham correcto a forma como educo a minha filha e um marido que acha que sou má mãe. Imaginam o que custa escrever isto. Constantemente me diz que não sabe como não consigo a ou b quando ele consegue e tudo funciona. Assim a modos que este papel não me deve assentar e quem é mais importante na minha vida acha que o faço mal.

Não. Portuguesa.

Todas as semanas conheço alguém brasileiro. Depois de me verem a falar com a Lai aproximam-se e é sempre isto que perguntam:
-Você é brasileira?

De todas as vezes concluo que o meu rabo é mesmo muito grande.

Pais do demo

Hoje a Lai quis ver o filme, O livro da Selva. Deixei-a na sala e fui até ao WC. Uns minutos depois vai lá ter CMG a pedir-me que fosse a sala. Como estava ocupada comecei e tecer comentários. Estás com medo?O jaguar não vai fazer mal.Os monstros não existem.Eles já vão ficar amigos. E a miúda que pouco se expressa ali esperou que eu me despachasse. Lá fui ver o que se passava e afinal era só o DVD que tinha parado a imagem. E pronto lá induzi eu à miúda traumas desnecessários. Lição aprendida, não tirar conclusões precipitadas!

Caminhar

Há duas semanas andei muito. Sai de casa pelas 9 e só voltei perto das 14h. Fiquei mesmo cansada, custa empurrar o carrinho e nesse dia estava calor à mistura com vento. Fui de minha casa a Woolwich a pé. Indo pelo DLR (metro a superfície) é longe por isso sabia que tinha andado mesmo muito. Hoje finalmente fui pesquisar, fiz perto de 10 milhas, qualquer coisa como 16km.
Juro que fui confirmar se estava a ver bem. É que fiquei cansada mas no outro dia voltei a carga e andei mais umas horas. No verão de 2014 fazia no máxima 8km a empurrar o carrinho e ficava bem cansada. Agora consigo fazer 16km assim em jeito de passeio. Faz 1 ano em Junho que iniciei a dieta e com ela a decisão de que andar a pé seria o meu exercício regular. Consegui perder 10kg andando a pé e regulando o que como. Sinto que estou viciada em andar, há tantos sítios a conhecer a pé, aprecia-se muito mais a natureza. 
Numa semana ando por norma 5x a pé num mínimo de 2h. O mais normal são 4h. Ando bem devagar, sempre foi esse o meu passo, mas devagar se vai ao longe.
Consigo perceber esta moda do correr, porque comigo o andar está a ser igual. Ontem dei por mim a ir para o centro de Londres sozinha, caminhar. Não ia fazer nada nem ter com ninguém, somente não fui capaz de ficar em casa parada.
Apesar de andar muito há quase um ano e pouco ficar cansada independente dos km que faça, na verdade tenho pouquíssima resistência. Como ando devagar porque vou a empurrar o carrinho quando é preciso acelerar o passo fico rapidamente sem fôlego. Isso chateia-me, não consigo ir mais rápido porque tenho tendinites em ambos os braços e custa-me horrores levar o carrinho mas seria de esperar que mesmo andando devagar fosse melhorando a minha capacidade física.
Como tal não aconteceu e já lá vai um ano não tarda volta e meia faço exercício. Nos dias que correm sabe-me bem após o jantar, ela dorme, ele no computador, há silencio... Ideal para yoga.
Acredito que o facto de só ter recuperado 1kg desde Fevereiro apesar das quantidades de porcaria que fui comendo se deve às minhas caminhadas.

Adversidades

Eu não sei o que é subir ao altar, fazer uma festa para os meus ou ter um anel no dedo. Sempre disse que mais depressa tinha um filho do que casava. Cumpri. Estamos juntos há 13 anos e ainda hoje sei a bênção que isso é, o que significa e o que custa ter uma relação tanto tempo. Ainda hoje ele está sentado ao meu lado, enquanto ambos estudam cada um no seu pc e sinto uma vontade louca de o beijar e acariciar. Ele é o meu porto de abrigo. Ao fim de tanto anos cada momento que estamos ausentes, eu só desejo que ele regresse e morro de saudades. Temos dias maus, alturas que discutimos, somos a antítese do outro. Nunca estamos de acordo com nada e é difícil achar o meio termo e mesmo assim no fim rir de toda a situação. Ontem decidimo-nos a tentar viver melhor, melhores escolhas alimentares. Ele fez a limpeza a junk food da casa, eu ditei o tamanho das doses e que ao jantar nada de carne ou hidratos. Há 5 anos que tento leva-lo o só jantar sopa, pois sei que é aí que desgraço a minha saúde, finalmente ele cedeu. Eu também cedi, acabou-se a carne processada e as bolachas. Adoro este homem, adoro aquilo que superamos até hoje como casal e o que conseguimos. Aos 20 não se sabe nada da vida mas sem dúvida que para nós foram as batalhas que aí soubemos vencer juntos que nos fizeram chegar aos 30 tão bem.