Nunca mais terei 34

Esqueci-me de tirar a minha última foto com 34 anos. Faltam 30 minutos, mas a preguiça fala mais alto.
A minha filha está mais entusiasmada que eu, não se esqueceu antes de ir dormir de relembrar que amanhã e um dia especial.
Não tenho nada combinado, noto uma tendência nos últimos anos. Não faço questão de festejar. Um almoço em família, um café com amigos e basta. Mais um dia normal.
O meu desejo para esta última noite com 34 é chegar aos 35 sem sono e com descanso. Não se consegue dormir com este calor.
Que seja muito realizada nos meus 35 anos.

Os dias passam...

Deitada para dormir reparei que hoje não estivemos juntos mesmo que tivéssemos partilhado a mesma cama e as mesmas quatro paredes todo o dia. Não me entendas mal. O dia até foi agradável, ainda deu tempo para um jantar de amigos e tudo. Mas eu e tu não estivemos juntos. Foi na calma do leito, já quando a hora vai longa, que o silêncio do teu ressonar me chamou a razão. Hoje eu não estive contigo, tu não estiveste comigo. Na azáfama do dia, entre mil tarefas, planos e vidas nós esquecemo-nos de nós. E num dia que até correu sem percalços esta é uma enorme falha. Não pode haver um dia feliz, sem eu e tu conseguirmos ter tempo para o nós. Apetece-me acordar-te, ficarias danado, não irias perceber se te dissesse " não consigo dormir sem primeiro existirmos nós". Hoje terei uma insónia por nós para que amanhã não caia no erro de ver a vida passar dando-te por garantido a meu lado.

Pernas agitadas

Eu escrevo textos comuns sem palavras caras, rara pontuação e meros desabafos.  Mas adoro escrever, é aquela sensação de lençóis brancos a secar ao sol esvoaçando. A alma esvazia e fica só uma serenidade, a calmaria. Nestes dias parece que tudo que me resta é nas palavras buscar conforto. Quando ando ocupada, vivendo ao máximo nem me lembro do blog. Ouço música clássica, devoro mais um livro, penso obcecadamente em comida, vejo o telemóvel a cada cinco minutos e o relógio não é gentil. O tic-tac parou, gozando comigo. A música ganha sons graves o que só prova o meu drama. Gosto de mares agitados, de conversas que se atropelam, de barrigas inchadas de comida farta, de gastar as solas dos sapatos. Sou bicho irrequieto cheio de energia.

O mês dos emigrantes

Emigrante em condições vem a terra no mês de Agosto. Emigrante como deve ser fala para os filhos em francês e para a mulher em português corriqueiro. Emigrante como deve ser anda em grupos variados, os avecs, os lusitanos e os nascidos cá mas que falam a língua de lá. Emigrante doutorado gaba que cá é que se está bem, faz sol, a comida é boa, a cerveja de qualidade e as ondas de Albufeira uma beleza. Emigrante nostálgico diz que só é pena não haver empregos senão voltava para a santa terrinha. Emigrante que é emigrante aproveita o seu país ao máximo, porque só aqui lhe sabe a estar em casa. Emigrante, como eu, enche o peito das gargalhadas trocadas a mesa com família e amigos para aguentar até ao próximo mês de Agosto com sanidade. Emigrante que se preze sabe que o seu país com todas as imperfeições é o sítio onde mais é feliz. Emigrante de mês de Agosto, somos todos, aqueles que estando longe dos seus anseiam pelo seu conforto e segurança. Valha-nos Agosto!

Sleep well Mons Amis. Beijos

Mãe a tempo inteiro

Quando eu for velhinha com uma carga de ossos a doer não irei olhar para trás e lamentar os 6 anos que dediquei a minha família. Quando for velhinha farta de dar o litro num emprego qualquer vou olhar cada um destes dias como algo precioso, porque eu tenho a miúda mais adorável do mundo.