3 anos

Há 3 anos por está altura estava grávida de 2 meses, não me segurava em pé, tinha passado o último mês a fingir-me "não grávida" no trabalho acartando caixas de livros super pesadas e não podia mais. Tinha decidido não leccionar nesse ano, recusando o emprego de sempre e queria ficar em casa. Podia receber subsídio de desemprego, depois combinava com a licença de maternidade e portanto parecia bem. Até aos 5 meses de gravidez foi sem dúvida uma bênção porque não fiz mais nada senão vomitar, andava morta. Dos 5 aos 9 andei entretida a organizar tudo, passou a voar. Os primeiros 6 meses após ela nascer andei a tentar criar-lhe rotinas, horários, amamentar e protegê-la do frio. Dos 6 até  aos 12 meses ensinei-a a comer, a dar passeios ao ar livre, a apanhar flores e a dormir sozinha. Após ela já ter mais de 1 ano é que percebi que era mãe, já não era a Andreia. Ninguém queria saber se o dia tinha sido mau, se queria desaparecer e havia dias que achava que ninguém me ajudava.  Dos 12 meses aos 17 passavam o tempo a explicar-me que ela não andava por minha causa, não falava porque não a ensinava e que tinha de lhe cortar o cabelo. Aos 18 meses convenci-me que ia enche-la de brinquedos, roupas, pô-la a lidar com outras crianças e ir ao parque diariamente. Dos 18 aos 31 meses continuam a acusar-me que ela não fala porque não a ensino, que chora muito porque é culpa minha, que não vai ao pote porque não perco horas nisso. Ah e que o cabelo ganha nós porque não penteio a toda a hora. Têm passado a vida a explicar-me que sou muito má nesta tarefa, talvez nunca a Lai venha a ser médica porque não a levei a passear em hospitais... Aos 21 meses decidi não lhe gritar e aos 25 pô-la a estudar porque em Inglaterra os meninos são avaliados. Ensino-lhe as letras, números, tempo, português, inglês, cores, artes. Uma parvoíce na minha óptica mas parece que assim agrado toda a gente, mas ela ainda não aprendeu nada do que lhe ensino. Ela passa 10h acordada ao dia e nesse tempo temos os passeios, o parque, as manualidades, a culinária, as brincadeiras do faz de conta. Entre muito choro, birras, fraldas e tarefas domésticas. Não há dia que não ande de rastos e é nisso que diferem as mães que trabalham. Elas não sentem está urgência de serem mães e educadoras o dia inteiro. Entreter uma criança é difícil. Ah e a televisão é para mim apenas ligada quando já não posso mais, quando não consigo conjugar tudo. Percebem o quanto exigente sou comigo.

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