I, him and Lai

Os primeiros tempos pós-parto foram muito difíceis. Não sei se tive depressão pós-parto se não, só sei que andava impossível. Tudo que ele fizesse me punha a chorar, nada estava bem. Senti a minha vida ir pelo cano com o nascimento da minha filha. Demorei a sentir que era mãe e que a amava mais que tudo no mundo. As dores que tive físicas quer do parto, quer da amamentação em muito ajudaram a esse estado, bem como a privação do sono. Estava um caco, sentia-me um caco. 
De repente éramos 3, sendo que a Lai dependia de mim constantemente e nunca foi uma criança muito fácil. O choro das cólicas dela punha-me com os nervos em franja pela minha incapacidade de a ajudar. Achava que o meu mais que tudo não fazia o suficiente e como ficámos sozinhos 15 dias após o parto a minha vida tornou-se em trabalhos constantes. 
Temi pela minha relação, queria muito amor da parte dele e ele não sabia o que me fazer, pois tudo que tentasse eu passava-me e era mal recebido. Ele também se sentia assoberbado neste seu novo papel, mas eu achei que só eu tinha direito a estar mal e insegura. Falámos do que nos aconteceria se as coisas não melhorassem. 
Foi uma fase de lágrimas, de solidão, em que senti que o mundo se tinha virado contra mim. Estava assoberbada de tarefas, não senti logo aquele click de ser mãe e auto-mutilava-me por isso. Durante bastante tempo culpei o meu pós-parto de me sentir assim, culpei-o a ele, culpei as hormonas, culpei o facto de não ter ajuda, culpei todas as outras mães sortudas, culpei tudo tudo tudo. Via as outras lindas e maravilhosas 7 dias após o parto às compras, vi as suas barrigas para lá de lisas, via os seus bebés que nunca se vomitam, via que diziam que não lhes doía amamentar, via tudo à minha volta e ficava de rastos. Acho que andei neste estado caótico 1 mês pelo menos. Fiz-me de forte e apenas ele sabia como me sentia, mas não me conseguia ajudar. 
Quando ele regressou ao trabalho as coisas começaram a compor-se, tomei as rédeas da minha vida. Meti na cabeça que não era uma mártir, nem a primeira a sentir-me assim. Amava a minha filha e a ele mais que tudo mas tanto negativismo estava a estragar belos momentos. Pus ordem na casa, horários na miúda e objectivos pequeninos para os meus dias. Decidi que a minha relação tinha passado maus momentos mas não porque ele não me amasse mas sim porque ter um filho leva a este choque normal na nossa vida e como tudo demora a adaptar-nos. 
Hoje posso-vos dizer que a nossa vida é perfeita. Somos felizes, aqueles traumas do "divórcio" foram apenas devido ao stress que se gerou com as mudanças. Amamo-nos, adorámos a nossa filha e ela cresce num lar feliz. Não temos discussões, ele já percebe quando chega a casa se o meu dia foi entre choros e colo e toma conta da situação para me aliviar um bocadinho do stress. 6 meses volvidos e tudo vai bem. Tive muito medo que ter um filho desse cabo da nossa relação, mas não, apenas nos pôs à prova e tornou-nos, como deveria ser, mais felizes e unidos.


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