Canary Wharf

Vivo pertinho da 2ª zona financeira mais importante de Londres. Logo, vivo paredes meias com a possibilidade de morrer num atentado terrorista. Quem cá vive sabe disso e nunca o esquece. Dia e noite os aviões militares patrulham a área prontos para qualquer eventualidade. Todos os dias sou obrigada a pensar na minha morte e dos meus. Não é uma sensação agradável. Já houve atentados terroristas, o último penso que em 2008, vimos fotografias do resultado e muita coisa foi destruída. 
Quem cá passa vê uma zona nova, cheira a dinheiro e poder. As sedes dos principais bancos são aqui, os seus arranha-céus são majestosos. Vivo uma península linda com o Tamisa em pano de fundo. Adoro esta zona, ainda não encontrei sítio em Londres tão bom para criar a minha filha mas depois esta questão da segurança mexe comigo. 
Há tempos aderi no Facebook a grupos desta zona e fiquei a par dos crimes que vão sucedendo, especialmente crimes raciais. Semana passada fomos jogar à bola junto ao rio e pela 1x senti medo. Em dias outonais anda pouca gente nas ruas e o perigo pode estar à espreita. Com uma criança sou um alvo fácil. Não consigo compreender como as pessoas podem ser tão más e ferir outras, aqui quem pratica os principais delitos são miúdos. As estatísticas dizem que é logo aos 12 anos que os gangs se formam. Os putos nessa idade estão numa fase perigosa de afirmação fase aos demais membros do seu grupo. É triste que o mundo esteja rodeado de ódios e rancores. Está em todo o lado, não se está seguro em lado nenhum. 
Nesta crise da Síria há o lado da sobrevivência e o lado da conspiração. Acho que ambos se aplicam. Concordo que gente boa esteja a tentar resistir a uma morte certa mas não ponho de parte que muitos queiram entrar na Europa para criar grupos terroristas. 
Olho para os últimos 30 anos e tanta coisa mudou, aliás nada é igual que não consigo imaginar os próximos 30. Não vejo que seja possível serem melhores. Há cada vez mais miséria, mais pessoas desesperadas e mais fanáticos religiosos e políticos. Andámos todos desconfiados do vizinho do lado. 
Tenho uma filha neste mundo indefesa, posso fazer a minha parte: amá-la, educá-la, vesti-la e alimentá-la. Mas o poder que o mundo terá sobre ela não está nas minhas mãos. Antes de ser mãe alguém me disse "só põe um filho neste mundo quem é doido" e creio que essa vai ser cada vez mais a triste versão da vida. 
Quando estava em Portugal vi um documentário qualquer que havia americanos que construiam bunkers com víveres para o fim do mundo. Achei que eram malucos. Hoje acho mesmo que devia pensar em ter uma mochila preparada para ter de fugir de repente. Acho que o Homem vai acabar com a raça humana a qualquer segundo. E estes helicópteros todos os dias fazem-me temer que hoje seja esse dia.

1 comentário:

  1. Ainda esta semana falamos neste assunto e na parte da mochila, cada vez faz mais sentido estar-se preparado... :(

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