Poema em rima forçada pela tristeza de partir

Quero ser poeta
Tanta história para contar
A minha vida lisboeta
Um passado a recordar

nesta casa fiz-me mulher,
não uma qualquer
mãe, filha e esposa,
aprendi a levar a vida como uma raposa

sei que tudo se conquista
a maternidade e a liberdade
sou agora mais altruísta
o mundo está cheio de bondade.

Poeta não sou, rimas não faço
O que restou deixou-me em pedaços
E é neste cansaço
Que me sobram os abraços

Dos amigos que não fiz
os bens que levo comigo
estou melhor aprendiz
basta-me estar contigo...

7 anos volvidos
com uma vista sublime do Tejo
hoje estamos decididos
o futuro não antevejo.

Olho em volto e choro
neste ambiente sonoro
preciso calar o coração
levantar âncora, conter a emoção.

O medo é uma coisa estranha
Não lhe chamar lar, uma patranha!
O amor aqui cresceu
A minha filha aqui viveu!

Não poder regressar ao lar
Põe-me nostálgica, amuada
Mamã aqui ouvi pronunciar
Pelas horas sou maltratada.

Um mês para dizer Adeus
Da rua, das paredes, das lembranças
Valha-me Deus
E leva-nos em bonanças!

Tenho medo ... sentimento infeliz
Curiosa, motivada, assim me fiz!
Levo a vida na alma
Mesmo que essa nada calma.

Um novo país, uma língua diferente
Oh destino que reservaste para a gente?
Nas saias da minha mãe, não terei mais abrigo
E a falta que me faz um amigo...

Até mais ver dias de sol
Noites quentes de enlouquecer
E lá vou tipo caracol
Na esperança de melhor sobreviver.

Não quero ir, não por favor
Mãe deixa-me encolher no teu regaço
Tira-me do peito tamanha dor
Salvem-me com um abraço.

Nunca me senti tão pequenina
Sem ponta de adrenalina
Uma mãe à deriva
Uma mulher sem iniciativa.

Não sou boa em despedidas
e mudar o que menos gosto
tenho as costas sofridas
mas sob ti me prosto:

Oh casa que ficas vazia
Guarda em ti quem me fiz
Os sonhos que trazia
Não percas o teu cariz.

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