Ser mãe mudou-me muito

Fez-me ser mais feliz, mais complacente, mais paciente, mais importada, mais sensível e chorona.
Toda a miséria do mundo agora se abate no meu pequeno coração e me faz transbordar rios de lágrimas, sofro como se fosse a minha própria filha que estivesse a sofrer. Compadeço-me da dor alheia e fico incrédula com as desgraças e a maldade do mundo. Ser mãe fez-me olhar não só para a minha filha e ver um bebé frágil e perfeito, mas para todas as crianças e querer dar-lhes amor, atenção e felicidade. Ser mãe fez-me perceber o quanto não estava preparada para isto, o quanto é difícil e o quanto é bom receber ajuda de vez em quando. Ser mãe abriu-me os olhos de que as minhas necessidades nada importam se as dela não estiverem suprimidas. Ser mãe é vê-la chorar porque sim e sentir um bocadinho de mim a sofrer e a querer consolá-la, mesmo sabendo que poderei estar a estragá-la com mimo. É ver as suas lágrimas cairem e ficar sufocada, tentando em vão, muitas vezes, alegrá-la. Mãe é a palavra que melhor me define ainda que não ache isso 100% correcto. Sou mãe, mãe da Lai, que felizmente ainda não sofre de nenhum mal, mas sou também um coração de mãe global, que adora ver crianças sorrir, que daria o seu mundo para que a nenhuma criança faltasse um prato quente de comida e um ursinho de peluche. Sou mãe todos os segundos do meu dia, mãe aflita, chorona, sorridente, brincalhona, confusa, insegura, animada e isso bombeia-me mais sangue no peito e torna-me quer feliz quer muito triste porque nem todos os meninos são felizes assim com uma mãe que os ame e os trata bem. Porquê? Que mal fizeram os bebés enrugadinhos com dedos pequeninos e olhos curiosos? Quem já olhou uma criança sabe que elas não têm maldade, só querem amor e atenção. Não é justo que criança alguma passe privações e isso golpeia-me o corpo.

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