Este tempo deprime-me!

Eu sempre fui uma party girl. 
Saí de casa aos 18 e fui estudar para Coimbra porque sabia que lá me esperava a verdadeira liberdade e uma vida académica invejável. 
Vivi numa casa com várias moças fora de série que me fizeram ter 6 anos malucos, divertidos, crescer!
Acabei o curso e vim para Lisboa, comecei a trabalhar, a viver com o meu mais que tudo e a poder divertir-me sem dar satisfações a ninguém. Mais uns tantos anos maravilhosos. 
Entretanto decidimos ter um bebé, correu bem e foi rápido, é um sonho realizado ser mãe mas, a party girl que habita em mim tem momentos depressivos, como poderão constatar no texto que se segue:

Sinto uma falta profunda de estar rodeada de pessoas; de passar tardes e tardes na esplanada com a malta; de beber uns copos e dançar até de manhã; de ir acampar e fazer amor em lugares inóspitos; de passar a tarde a babar para a tv sem me preocupar com nada; de trabalhar imagine-se!
Sinto saudades de acordar de manhã e ter uma rotina, trabalho, café com amigos, jantar e cama com o namorado. 
Há 1 ano que não trabalho, que estou por casa. 
Não ter carro e ter uma bebé não ajuda nada a melhorar estas minhas neuroses. Sinto uma profunda solidão. A minha vida em Lisboa é pequenina ainda que preenchida por pessoas maravilhosas, a minha filha e ele. Ele tem andado mega ocupado com a vida profissional, ela uma chorona o tempo todo. Eu ando um bocado perdida, deixada no vazio, tenho demasiado tempo para pensar merda e me flagelar. Se sempre achei lindo e fantástico ser stay home mom, hoje em dia já não sei. Não tenho como aliviar as ideias, como aprender algo novo ou conhecer pessoas. Se não houvesse internet e tv, os meus dias seriam caóticos. 
Adorava ter carro, podia ir ao shopping; a jardins; levá-la à natação; ir à praia; a Sintra; a Cascais; a Mafra, ao Gymboree; à biblioteca infantil da Quinta da Piedade; à Quintinha Pedagógica dos Olivais; ao Parque dos Poetas em Oeiras; ao Jardim Botânico. 
Passou-se um ano desde que estou em casa, sem qualquer perspectiva de emprego; sem nenhum plano para o futuro excepto ver a minha filha crescer e fazê-la feliz. A comida tem sido o meu refúgio. Grávida estive 2 meses fechada em casa totalmente sozinha, só saía para ir ao Mini Preço. E desde que ele regressou ao trabalho aqui continuo fechada. Neste ano que passou sai para fazer algo só meu umas 2x. 
Estou desolada com os meus dias. Se isto é perfeito enquanto mãe, pois posso estar presente em cada segundo do seu dia, é péssimo enquanto indivíduo, porque nunca consigo ser apenas eu, a Andreia. Sou cada instante a mãe. E a mãe, não faz compras para si, não sai com as amigas; não tem ajuda em nada. A mãe vive para a filha, pois ela própria deixou de ter vida.

Moral da história:
Ninguém está bem com a vida que tem.

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