Estou sozinha, bem com a Lai, mas que ainda não fala e teimosa como é só mexe quando lhe convém.
O pai foi ganhar tostão e só volta quando a Primavera já tiver jorrado beleza nas árvores.
Um cenário já cliché, porque em 2012 foi o mesmo.
Há um ano trabalhava, tinha carro e muitos amigos com quem ir ocupar os meus fins-de-semana.
Agora tenho uma barriga de 31 semanas; falta de ar; uns pretos a tilintar e autocarros de hora a hora.
A casa precisava de uma geral mas a vontadinha é nenhuma e o cansaço mais que muito.
Cada dia que passa receio ir ter esta criança sozinha, estão todos longe e não quero intrometer os meus problemas nas suas vidas.
Estar sozinha por aqui não me aflige, não me deprime, não me faz sentir que injusta é a vida.
Temos telemóvel, temos internet, temos saldo e skype. As comunicações mantêm-se.
Mas se me derem as dores de parto, se por algum motivo não conseguir chamar uma ambulância será um desespero. Se for sozinha para a MAC, se tu não estiveres lá para me dar a mão será um dia triste mesmo que a Lai nasça linda e gordinha.
É o meu único receio estar sozinha porque tudo pode ser muito rápido e não terás tempo de te pôr em Portugal a horas de seres o primeiro a abraça-la!
Como será esse dia?
Peço incessantemente à miúda que se deixe estar até ao fim de Abril na barriga, que está quentinha e a crescer, que ela me ouça, mãe tem sempre razão!
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