Devaneio XL

No mundo da blogosfera é habitual numa mesma semana ver-se o mesmo tema debatido em meia dúzia de sítios diferentes. Ora se é o Portugal Fashion, não se fala de mais nada e chovem fotos de gente a mostrar o modelito. Se um dos nossos políticos se sai com alguma calinada, tumba meio mundo fala. Ora se uma receita de eclairs é feita, truclas os blogs culinários seguem as pegadas. Ora se há sorteios, tudo ao molho a divulgar. Basicamente alguém tem uma ideia e vai tudo plagiar por palavras suas a mesma.

Outro dia alguém me pediu para explicar porque gosto de escrever um blog e porque leio outros blogs. A minha resposta foi imediata. Gosto de escrever o que penso, e fazê-lo permite-me várias vezes aliviar o stress que os pensamentos me causam. Adoro ler blogs alheios porque é como seguir um livro. No outro fim-de-semana via na TVI 24 alguns bloggers a serem entrevistados e fui actualizando a minha mãe que não sabia do que se tratava. Tal como numa novela, eu sabia onde essas pessoas tinham ido recentemente, o que tinham vestido, do que gostavam, em que data casaram. Basicamente é uma história que se lê. Escolhem-se blogs para acompanhar diariamente e tornam-se parte de nós. Muitas vezes identificámo-nos com eles e outras roemo-nos de inveja das suas vidas. A blogosfera faz-nos sonhar e sair do nosso cantinho. Perceber que nós não somos assim tão más cozinheiras como pensavamos; que problemas sentimentais há muitos e que as mulheres hão-de andar eternamente com a mania das dietas. E para mim que não tenho paciência para acompanhar as notícias mais recentes de política, é o meu telejornal. Quando se escreve um blog como o meu, em que dou a cara, até censura existe. Sabes que qualquer pessoa que conheças pode lê-lo e então tens de pensar na visão do leitor perante as tuas palavras. Escrever um blog é despertar aquele bichinho que todos já tivemos de "Um dia gostava de escrever um livro". Os meus pensamentos e idiotices estão cá, estarão cá mesmo quando eu não estiver e os meus descendentes um dia poderão conhecer melhor como fui, como era a minha relação com os meus pais, com o meu marido, com os que me rodeiam.

As palavras ficam para sempre, boas ou más.