A minha geração passou a sua adolescência revoltada com as limpezas à sexta e ao sábado, na casa dos pais, porque as mães tinham uma quantidade enorme de tarecos que não serviam para nada e tinham de ser limpos um a um todas as semanas. Os casais de porcelana; os pratos da china, os porta-retratos; os budas; as lembranças do baptizado deste e do casamento daquele... Vivemos anos a rogar pragas a esta imensidão de artefactos dignos do museu de história nacional e eis que hoje em dia ao passar os olhos pelos blogs de decoração, vejo que a malta com 20's e 30's perdeu o juízo e está a fazer voltar a moda dos tarecos. Onde se torna mais visível é nas cozinhas, é decorar as paredes com porta-retratos coloridos; é ter 30 tacinhas expostas porque é de bem, todas tipo united colors of benetton; é pintar bancos de rosa, mesa de amarelo, listar umas paredes de roxo e ter uma Nespresso verde.
Quando ando nas lides fico deliciada porque não há tralhas para limpar, não há nada nos balcões; não há gordura difícil de retirar desses tais adornos. Uma pessoa com tanta tralha pela casa, primeiro dá-nos a ideia de ter um espaço congestionado, depois de que não tem trabalho (só assim terá tempo para limpar todas as semanas os bibelôs, são para mais de mil) e, por último de que tem uma carência qualquer que procura ultrapassar com bens materiais.
Para reflectir neste feriado:
Quando tempo demorará o ser humano a fartar-se de viver no meio de um arco-íris condensado em 4 paredes?
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